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A Região de Lindóia

ÁGUAS DE LINDÓIA é uma cidade, LINDÓIA é outra. Estão a 4KM de distância uma da outra!

A Cidade de ÁGUAS DE LINDÓIA

Localizada no interior do estado de São Paulo, é uma cidade famosa por suas águas minerais com propriedades terapêuticas e por sua relevância no turismo de saúde. Sua história é marcada pela valorização de suas fontes de água e pelo desenvolvimento de um polo turístico que se tornou conhecido em todo o Brasil. Vamos explorar o surgimento e o crescimento dessa cidade charmosa e importante.

Origens e Primeiras Descobertas

A história de Águas de Lindóia começa no início do século XX, quando a região ainda fazia parte de terras desabitadas e selvagens. A fama das águas da região, no entanto, remonta ao século XIX, quando tropeiros e viajantes descobriram as fontes naturais de água e relataram seus supostos efeitos benéficos à saúde. Na época, as águas já eram usadas por moradores e viajantes que acreditavam nas suas propriedades medicinais, especialmente para tratar problemas renais, digestivos e de pele.

O grande marco na história da cidade ocorreu em **1909**, quando **Dr. Francisco Tozzi**, um médico italiano, chegou à região e começou a estudar as propriedades medicinais das águas locais. Dr. Tozzi, convencido de que as águas tinham efeitos terapêuticos, fundou um balneário em 1916, dando início à exploração sistemática das águas de Águas de Lindóia. Ele foi um dos principais responsáveis por transformar a região em um centro de cura e tratamento por meio da hidroterapia.

Crescimento e Desenvolvimento Urbano

Com o sucesso das primeiras iniciativas de hidroterapia, a fama de Águas de Lindóia se espalhou, atraindo pessoas de várias partes do Brasil e até do exterior em busca dos benefícios das águas. O balneário de Dr. Tozzi tornou-se um polo de saúde, e, ao redor dele, uma pequena vila começou a se formar.

Em 1938, Águas de Lindóia foi elevada à condição de distrito pertencente a **Lindóia**, outra cidade famosa pelas águas minerais. No entanto, o rápido crescimento e a crescente demanda por tratamentos de saúde impulsionaram o desenvolvimento urbano da região.

Finalmente, em **16 de novembro de 1938**, Águas de Lindóia foi emancipada e tornou-se um município independente, com sua economia fortemente baseada no turismo de saúde e na extração e comercialização de suas águas minerais.

Turismo de Saúde e a Fama das Águas Minerais

Com a emancipação, Águas de Lindóia consolidou sua posição como um dos principais destinos turísticos do Brasil voltados para a saúde e bem-estar. O balneário fundado por Dr. Tozzi foi ampliado e modernizado, oferecendo tratamentos de hidroterapia, banhos termais, massagens e outras terapias baseadas no uso da água mineral.

As propriedades terapêuticas da água de Águas de Lindóia se tornaram amplamente conhecidas e passaram a ser recomendadas por médicos e especialistas para o tratamento de várias doenças, especialmente problemas renais, reumatismos e doenças de pele. A cidade passou a atrair turistas e pacientes de todas as partes do país, em busca dos supostos benefícios curativos das águas.

Além disso, a água mineral de Águas de Lindóia começou a ser comercializada em larga escala, com várias empresas engarrafando e distribuindo a água para o mercado nacional. A qualidade e pureza da água mineral da cidade foram fatores decisivos para seu sucesso, e até hoje Águas de Lindóia é uma das principais produtoras de água mineral do Brasil.

Circuito das Águas Paulista

Águas de Lindóia faz parte do famoso **Circuito das Águas Paulista**, uma rota turística que inclui outras cidades conhecidas por suas águas minerais, como **Serra Negra**, **Socorro**, **Lindóia**, **Amparo** e **Monte Alegre do Sul**. Essas cidades, localizadas na Serra da Mantiqueira, atraem turistas que buscam tratamentos de saúde, relaxamento e contato com a natureza.

O Circuito das Águas tornou-se uma importante rota turística no estado de São Paulo, ajudando a promover Águas de Lindóia como um destino de destaque para quem busca bem-estar e lazer.

Eventos Históricos Importantes

A cidade também tem um papel na história política e militar do Brasil. Durante a **Revolução Constitucionalista de 1932**, Águas de Lindóia serviu como ponto de apoio logístico para as tropas paulistas que combatiam nas proximidades, devido à sua proximidade com a divisa de Minas Gerais.

Além disso, em 1969, Águas de Lindóia teve um momento de destaque no cenário político internacional, ao ser o local escolhido para a realização da **Conferência da OEA (Organização dos Estados Americanos)**. O evento reuniu líderes e diplomatas de vários países das Américas para discutir questões políticas e econômicas da região.

Atrações Turísticas e Belezas Naturais

Hoje, Águas de Lindóia é um dos principais destinos turísticos de saúde do Brasil, com uma infraestrutura completa de hotéis, pousadas, clínicas e balneários. O **Balneário Municipal**, com suas águas termais e serviços de hidroterapia, continua a ser um dos principais atrativos da cidade.

Além do turismo de saúde, Águas de Lindóia é conhecida por suas **belezas naturais**, com montanhas, trilhas, parques e uma paisagem encantadora da Serra da Mantiqueira. O **Morro Pelado**, por exemplo, é uma das atrações mais populares da cidade, oferecendo uma vista panorâmica espetacular da região.

Águas de Lindóia Hoje

Com uma população de cerca de 19.000 habitantes, Águas de Lindóia continua a prosperar como um destino turístico, com uma economia baseada no turismo de saúde e no engarrafamento de água mineral. A cidade mantém seu charme de interior, combinando a tranquilidade e o bem-estar com uma infraestrutura turística moderna.

O turismo é o principal motor econômico da cidade, e Águas de Lindóia segue atraindo visitantes de todo o Brasil, que buscam relaxamento, tratamentos de saúde e o contato com a natureza.

A Revolução de 1932 e a Mobilização de Águas de Lindóia

A cidade de **Águas de Lindóia**, assim como várias outras regiões do estado de São Paulo, teve uma participação importante na Revolução Constitucionalista de 1932, o maior conflito armado da história do Brasil no século XX. Essa revolução foi uma tentativa de forçar o governo de Getúlio Vargas a promulgar uma nova Constituição, após a Revolução de 1930 ter deposto o então presidente Washington Luís e instalado Vargas no poder de forma provisória, sem uma nova Carta Magna.

Durante a revolução, voluntários de várias cidades do interior de São Paulo, incluindo Águas de Lindóia, se juntaram às forças constitucionalistas. Muitos desses voluntários eram civis, que se alistaram para lutar em prol da causa de uma nova Constituição. A região de Águas de Lindóia, assim como **Lindóia** (cidade vizinha), também serviu como ponto de apoio logístico, fornecendo suprimentos e recursos para as tropas que combatiam nas fronteiras.

A cidade, próxima à divisa com Minas Gerais, estava em uma área de disputa estratégica. O estado de Minas Gerais, ao lado do governo de Vargas, representava uma ameaça direta às forças paulistas, que tentavam impedir avanços de tropas inimigas vindas de territórios vizinhos.

Apoio da População Local

Os moradores de Águas de Lindóia, assim como de outras cidades do interior paulista, também participaram ativamente, apoiando os soldados constitucionalistas com alimentos, medicamentos e recursos básicos. As cidades interioranas de São Paulo eram grandes fornecedoras de homens e recursos para o esforço de guerra, e Águas de Lindóia não foi exceção.

Além disso, Águas de Lindóia, com sua localização próxima a áreas de combate, ofereceu suporte às tropas em trânsito, funcionando como base de abastecimento e apoio para os combatentes que atuavam nas frentes de batalha.

Legado da Revolução em Águas de Lindóia

A Revolução de 1932 continua a ser lembrada em São Paulo como um movimento importante na luta pela democracia e pela promulgação de uma nova Constituição, que viria em 1934. Águas de Lindóia, assim como outras cidades do estado, contribuiu com seu esforço, seja através do envio de combatentes ou do suporte logístico às tropas paulistas.

A participação da cidade é uma parte importante de sua história, conectando-a ao movimento que uniu várias cidades paulistas em uma tentativa de forçar mudanças políticas no Brasil. Como em várias cidades do interior, a memória dessa revolução é preservada como um momento de união cívica em prol de uma causa maior.

A NASA?

A cidade de Águas de Lindóia, no interior de São Paulo, tem uma ligação interessante com a NASA por causa de um projeto científico realizado na década de 1960. A conexão remonta ao **Programa Gemini**, uma das missões espaciais dos Estados Unidos, que antecedeu as missões Apollo e foi crucial para o sucesso da ida à Lua.

Durante esse período, Águas de Lindóia foi escolhida como uma das estações de rastreamento de satélites da NASA. A cidade foi selecionada devido à sua localização estratégica e ao clima favorável para a instalação de equipamentos de comunicação e rastreamento. Essas estações eram responsáveis por monitorar as órbitas das espaçonaves, garantir a comunicação entre os astronautas e a base na Terra, além de transmitir dados de voo e telemetria.

Especificamente, em 1966, a estação de rastreamento de Águas de Lindóia ajudou no acompanhamento das missões Gemini, que faziam testes fundamentais, como manobras em órbita e acoplamento de espaçonaves, que mais tarde seriam usados nas missões Apollo para levar o homem à Lua.

Embora a estação tenha funcionado por um período curto, ela marcou a participação de Águas de Lindóia no contexto da exploração espacial, conectando essa cidade com um dos momentos mais emblemáticos da história da humanidade: a corrida espacial e a chegada do homem à Lua.

A Cidade de LINDÓIA

A cidade de **Lindóia**, localizada no interior do estado de São Paulo, é conhecida por suas águas minerais e por sua importância histórica na produção de água mineral no Brasil. Vamos explorar sua história, que está intimamente ligada ao desenvolvimento da região, à valorização de suas fontes termais e ao papel da cidade no cenário nacional e regional.

Origens de Lindóia

A fundação de Lindóia remonta ao século XIX, quando a região era habitada por bandeirantes e tropeiros que passavam pela área em busca de ouro e outros recursos naturais. Durante essas expedições, foram descobertas as propriedades medicinais das águas da região, que atraíram visitantes interessados em aproveitar os benefícios terapêuticos.

Inicialmente, a área de Lindóia fazia parte do município de **Serra Negra**, outra cidade famosa por suas águas termais. A exploração das fontes de água mineral começou de forma modesta, mas foi ganhando destaque à medida que o conhecimento sobre os poderes terapêuticos das águas se espalhava.

Desenvolvimento e Crescimento Econômico

Em 1923, Lindóia foi elevada à condição de distrito de Serra Negra, e, na década de 1930, o desenvolvimento da infraestrutura urbana começou a ganhar impulso, com a construção de estradas e a melhoria dos acessos à cidade. Foi nesse período que o turismo de saúde e a exploração das águas minerais começaram a se intensificar, atraindo visitantes de todo o Brasil.

As águas de Lindóia eram famosas por suas propriedades terapêuticas, especialmente no tratamento de problemas renais, digestivos e de pele. O turismo, combinado com a extração e comercialização das águas minerais, tornou-se a principal atividade econômica da região, moldando a identidade da cidade.

Emancipação de Lindóia (1953)

A cidade de Lindóia ganhou sua autonomia política e administrativa em **21 de março de 1953**, quando foi desmembrada de Serra Negra e se tornou um município independente. A partir de então, Lindóia passou a focar no desenvolvimento de sua infraestrutura turística e na exploração comercial das águas minerais.

Durante as décadas seguintes, a cidade construiu um legado sólido como destino turístico, com balneários, hotéis e clínicas que ofereciam tratamentos baseados no uso das águas minerais. Além disso, a **indústria de engarrafamento de água mineral** também se tornou uma importante fonte de renda e desenvolvimento econômico para a cidade, consolidando sua reputação nacional como produtora de água de qualidade.

Águas Minerais de Lindóia

A água mineral de Lindóia é um dos maiores patrimônios da cidade, reconhecida nacionalmente por sua pureza e composição mineral. A exploração das fontes minerais começou de forma artesanal, mas com o tempo foi se profissionalizando e se transformando em uma indústria de grande relevância.

A fama das águas de Lindóia se espalhou pelo Brasil, e o engarrafamento de água se tornou uma das principais atividades econômicas da cidade. Lindóia é hoje uma referência quando se fala em águas minerais, e suas marcas são amplamente consumidas em todo o país.

Turismo e Importância Regional

Além de ser uma cidade conhecida pela água mineral, Lindóia também desenvolveu uma infraestrutura turística que atrai visitantes interessados em relaxamento, tratamentos de saúde e contato com a natureza. A cidade faz parte do **Circuito das Águas Paulista**, uma rota turística que inclui várias cidades do interior de São Paulo famosas por suas águas termais, como Águas de Lindóia, Serra Negra, Socorro e Monte Alegre do Sul.

O turismo em Lindóia está diretamente ligado às águas minerais, com balneários e hotéis que oferecem tratamentos de hidroterapia e relaxamento. Além disso, a cidade é conhecida por sua tranquilidade, clima ameno e belezas naturais, tornando-se um destino popular para quem busca descanso e contato com a natureza.

Lindóia Hoje

Atualmente, Lindóia continua a ser uma cidade pequena, com pouco mais de 7.000 habitantes, mas que mantém sua relevância como produtora de água mineral e destino turístico. A economia local ainda gira em torno da extração de águas minerais e do turismo de saúde, o que faz da cidade um lugar próspero, mesmo sendo de pequeno porte.

Lindóia preserva seu caráter acolhedor e pacato, atraindo turistas que buscam os benefícios de suas águas e o estilo de vida tranquilo do interior paulista. A cidade também participa de eventos regionais e culturais, mantendo viva sua herança histórica e seu papel dentro do Circuito das Águas.

Conclusão

A história de Lindóia está intimamente ligada à exploração de suas águas minerais, que impulsionaram o desenvolvimento econômico e turístico da cidade. Desde suas origens como uma área de passagem para tropeiros até sua emancipação como município, Lindóia soube aproveitar seus recursos naturais para construir uma reputação sólida como produtora de água de qualidade e destino turístico de bem-estar.

Sua herança histórica e a riqueza natural continuam a atrair visitantes e a impulsionar a economia local, fazendo de Lindóia uma cidade especial no interior de São Paulo, com um legado duradouro na indústria de águas minerais e no turismo de saúde.

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Aviação – Sadia Transportes Aéreos

A história da Sadia Transportes Aéreos (STA), que mais tarde se tornaria a Transbrasil, é uma narrativa fascinante que mistura empreendedorismo, inovação, desafios econômicos e mudanças estratégicas. A STA é um exemplo clássico de como uma empresa, que começou com propósitos modestos, pode se transformar em um gigante da aviação e deixar um legado duradouro. Vamos explorar essa história em detalhes.

As Origens: Sadia Transportes Aéreos (1955-1972)

O Início no Transporte de Cargas

A Sadia Transportes Aéreos foi fundada em 1955 pelo visionário empresário Attilio Fontana, que já era o dono da empresa de alimentos Sadia, uma das maiores do Brasil. A criação da STA foi motivada inicialmente pela necessidade de transportar rapidamente produtos perecíveis, principalmente carne e alimentos processados, das fábricas da Sadia em Concórdia, Santa Catarina, para os principais mercados consumidores no Brasil, como São Paulo e Rio de Janeiro.

O transporte rodoviário, na época, era lento e pouco confiável, o que comprometia a entrega de produtos frescos. Attilio Fontana, sempre atento a novas oportunidades, viu na aviação uma solução para esse problema. Com isso, a STA começou suas operações focando no transporte de carga, utilizando pequenas aeronaves que podiam voar de forma rápida e eficiente entre as cidades.

Expansão para o Transporte de Passageiros

Em 1956, apenas um ano após sua fundação, a STA ampliou suas operações para incluir o transporte de passageiros. Inicialmente, a companhia operava em rotas regionais no Sul do Brasil, conectando cidades menores a grandes centros urbanos. A STA começou a conquistar uma clientela fiel devido à sua confiabilidade, ao bom atendimento e ao foco em atender às necessidades específicas de cada região.

A empresa cresceu rapidamente, e, em pouco tempo, a STA começou a adquirir aeronaves maiores e mais modernas, como o Douglas DC-3, um avião muito popular na época. Esse crescimento permitiu que a STA expandisse suas rotas para outras partes do Brasil, além do Sul, como o Sudeste e o Centro-Oeste.

A Frota e a Modernização

Nos anos 1960, a STA começou a modernizar sua frota, substituindo os DC-3 por aeronaves mais modernas e de maior capacidade, como o Convair 240 e, mais tarde, o Avro 748. Essa modernização foi crucial para a expansão da companhia, pois permitiu que a STA operasse voos mais longos e com mais passageiros.

A STA também investiu na qualidade do serviço a bordo, oferecendo um padrão de atendimento ao cliente que era comparável ao das maiores companhias aéreas do mundo. A empresa começou a se destacar pela pontualidade e pelo conforto oferecido aos seus passageiros, construindo uma reputação sólida no mercado.

A Transformação: De Sadia a Transbrasil (1973-1980)

Rebranding e Expansão

Em 1972, a Sadia Transportes Aéreos passou por uma grande transformação. Com o crescimento da empresa e a diversificação das operações, a diretoria decidiu que era hora de mudar a marca para algo que refletisse melhor a abrangência nacional da companhia. Assim, em 1973, a STA foi rebatizada como Transbrasil.

Essa mudança de nome foi acompanhada por uma nova identidade visual e uma estratégia de marketing agressiva. A Transbrasil adotou cores vibrantes em suas aeronaves e lançou campanhas publicitárias que enfatizavam o conforto e a eficiência dos seus serviços. A companhia aérea queria se posicionar como a empresa que conectava todas as regiões do Brasil, de norte a sul, de leste a oeste.

A Nova Frota e a Expansão das Rotas

A Transbrasil continuou a modernizar sua frota durante os anos 1970, adquirindo aeronaves a jato, como o Boeing 727 e o Boeing 737. Essas aeronaves permitiram que a empresa operasse voos mais longos, com maior capacidade e mais eficiência, expandindo suas rotas para todas as capitais e principais cidades do Brasil.

Além das rotas domésticas, a Transbrasil começou a explorar o mercado internacional, com voos para a América do Sul. A expansão internacional era um passo natural para a companhia, que já havia se consolidado como uma das principais empresas aéreas do Brasil. No entanto, entrar no mercado internacional exigia um planejamento cuidadoso e investimentos significativos.

Os Desafios e o Crescimento nos Anos 1980

A Crise Econômica e a Estratégia de Sobrevivência

Os anos 1980 foram uma década de desafios econômicos para o Brasil, com inflação alta, crise da dívida externa e instabilidade política. Essas dificuldades afetaram diretamente o setor aéreo, que viu os custos operacionais aumentarem drasticamente devido ao preço do combustível, à inflação e à desvalorização da moeda.

A Transbrasil, no entanto, conseguiu se adaptar às novas realidades econômicas. A empresa adotou uma estratégia de contenção de custos, renegociando contratos de leasing de aeronaves, otimizando suas rotas e buscando eficiência operacional. Apesar dos desafios, a Transbrasil continuou a crescer e manteve sua posição como uma das maiores companhias aéreas do país.

Inovação e Diferenciação

Durante esse período, a Transbrasil começou a se destacar também pela inovação em serviços e marketing. A empresa foi pioneira em várias iniciativas no Brasil, como o lançamento do programa de milhas Smiles (em parceria com a Varig), que recompensava os passageiros frequentes. A Transbrasil também foi uma das primeiras companhias aéreas brasileiras a introduzir sistemas de entretenimento a bordo em voos domésticos.

Outra inovação foi a introdução do serviço de “Pontualidade ou a Passagem de Volta é Grátis”, uma promessa ousada que mostrava a confiança da Transbrasil em sua capacidade de operar de forma eficiente e pontual. Essa iniciativa foi bem recebida pelos passageiros e ajudou a fortalecer a imagem da companhia como uma empresa confiável.

Expansão Internacional e Anos de Ouro (1990-1995)

A Expansão para a América do Norte e Europa

Nos anos 1990, com a economia brasileira começando a se estabilizar, a Transbrasil decidiu expandir suas operações internacionais. A empresa lançou voos para destinos na América do Norte, incluindo Miami e Orlando, nos Estados Unidos, e depois para Nova York. Esses voos foram um sucesso, atraindo não apenas brasileiros, mas também turistas e empresários americanos que queriam visitar o Brasil.

Posteriormente, a Transbrasil expandiu suas operações para a Europa, com voos para Lisboa, em Portugal, e Londres, no Reino Unido. Essas rotas consolidaram a posição da Transbrasil como uma transportadora internacional, competindo com grandes empresas aéreas estrangeiras.

O Rebranding e a Identidade Cultural

A Transbrasil também passou por um rebranding na década de 1990, adotando uma identidade visual mais moderna e colorida, com a famosa “bandeira” em suas caudas e fuselagens, simbolizando a conexão com o Brasil. As aeronaves da Transbrasil eram pintadas com cores vibrantes, e cada uma representava uma fase do dia: nascer do sol, pôr do sol, noite estrelada, etc. Essa estratégia criativa destacou a companhia das concorrentes e reforçou a sua identidade como uma empresa inovadora e focada na experiência do cliente.

Declínio e Crise Financeira (1996-2001)

Problemas Financeiros e Gestão

Apesar de seus anos de ouro, a Transbrasil começou a enfrentar sérios problemas financeiros no final dos anos 1990. O aumento dos custos operacionais, a crescente competição no mercado doméstico e internacional, e uma gestão empresarial questionável começaram a afetar a saúde financeira da empresa.

A situação se agravou com a crise econômica no Brasil no final da década de 1990, marcada por uma desvalorização cambial em 1999 que aumentou drasticamente os custos de manutenção e leasing das aeronaves, que eram em sua maioria pagos em dólares. A Transbrasil tentou diversas estratégias para se recuperar, incluindo a renegociação de dívidas e a redução de rotas, mas os problemas continuaram a se acumular.

Mudanças na Gestão e Tentativas de Salvamento

Nos anos 2000, a Transbrasil passou por várias mudanças na gestão na tentativa de reverter sua situação financeira. A família Fontana, que havia fundado a empresa, tentou encontrar parceiros estratégicos e investidores para salvar a companhia, mas essas tentativas não tiveram sucesso.

As dívidas da empresa continuavam a crescer, e a falta de capital de giro dificultava a manutenção das operações diárias. A crise se agravou a ponto de a Transbrasil não conseguir mais pagar por combustível, taxas aeroportuárias e salários dos funcionários.

O Fim das Operações (2001-2002)

Em dezembro de 2001, a situação da Transbrasil se tornou insustentável. A empresa foi forçada a suspender suas operações devido à falta de condições financeiras para continuar voando. Aeronaves foram apreendidas por falta de pagamento de leasing, e a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) revogou a concessão da companhia em 3 de dezembro de 2002, após constatar a inviabilidade de sua recuperação.

O fim da Transbrasil foi um golpe duro para a aviação brasileira. A companhia havia sido uma das maiores e mais inovadoras empresas aéreas do país, e seu fechamento deixou um vazio no mercado, especialmente em rotas internacionais onde a empresa era uma forte concorrente.

Legado da Transbrasil

Apesar do seu fim trágico, a Transbrasil deixou um legado significativo na história da aviação brasileira. A empresa é lembrada por suas inovações, sua forte identidade cultural e sua capacidade de conectar o Brasil ao resto do mundo.

Ex-funcionários e clientes da Transbrasil frequentemente relembram com saudade a companhia, que se destacou por um serviço ao cliente diferenciado e por ser uma empresa que valorizava a pontualidade e a eficiência. A marca Transbrasil continua a ser um símbolo de uma era em que voar era uma experiência especial e que refletia o espírito de um Brasil em crescimento.

Conclusão

A história da Sadia Transportes Aéreos, que se transformou na Transbrasil, é um reflexo das mudanças econômicas e sociais que o Brasil viveu ao longo de várias décadas. Desde suas origens modestas como uma transportadora de carne até se tornar uma gigante da aviação internacional, a Transbrasil foi uma empresa que sempre buscou inovar e oferecer o melhor aos seus clientes.

O fim da Transbrasil foi uma perda para a aviação brasileira, mas seu legado perdura, lembrado por aqueles que tiveram a sorte de voar com a companhia ou de trabalhar para ela. A história da Transbrasil serve como um testemunho de como o empreendedorismo, a inovação e a resiliência podem levar uma empresa ao sucesso, mesmo diante de adversidades.

By Lito

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Dias da Semana em Português

A nomenclatura dos dias da semana em português tem uma relação direta com a tradição cristã, particularmente com a forma como a Igreja Católica organizava o calendário litúrgico. Nos primeiros séculos do cristianismo, havia uma preocupação em cristianizar os aspectos da vida cotidiana, incluindo a forma como o tempo era medido e os dias eram nomeados.

A palavra “feira” vem do latim *feria*, que significava originalmente “dia de descanso” ou “dia de celebração religiosa“. No cristianismo primitivo, os dias de “feria” eram dias de celebração religiosa, especialmente durante a Semana Santa, quando os dias eram numerados sequencialmente após o domingo (dia do Senhor).

A Semana Santa e os “Dias Feriais”

A Semana Santa, que antecede a Páscoa, era um período particularmente importante na liturgia cristã, com cada dia sendo uma “feria” seguida de um número que indicava sua ordem após o domingo. Por exemplo:

Feria secunda (segunda-feira)

Feria tertia (terça-feira)

Feria quarta (quarta-feira)

Feria quinta (quinta-feira)

Feria sexta (sexta-feira)

Esses termos começaram a ser usados não apenas durante a Semana Santa, mas ao longo de todo o ano, refletindo uma prática de designação que evitava a utilização de nomes pagãos para os dias da semana.

Evitando os Nomes Pagãos

Nos territórios de língua latina, incluindo o Império Romano, os dias da semana eram originalmente associados a divindades da mitologia romana e a corpos celestes, como:

Dies Lunae (Dia da Lua) – Segunda-feira

Dies Martis (Dia de Marte) – Terça-feira

Dies Mercurii (Dia de Mercúrio) – Quarta-feira

Dies Lovis (Dia de Júpiter) – Quinta-feira

Dies Veneris (Dia de Vênus) – Sexta-feira

Dies Saturni (Dia de Saturno) – Sábado

Dies Solis (Dia do Sol) – Domingo

Porém, à medida que o Cristianismo se tornou a religião dominante, houve um esforço consciente para evitar esses nomes pagãos. A Igreja, portanto, promoveu uma forma alternativa de nomenclatura, que enfatizava a santidade e a centralidade de Deus no ciclo semanal.

A Disseminação da Nomenclatura Cristã em Portugal

Em Portugal, a adoção da nomenclatura cristianizada para os dias da semana foi particularmente forte. Este sistema foi consolidado e permaneceu, diferentemente de outras regiões de língua latina onde os nomes de origem pagã prevaleceram.

Essa escolha refletia não apenas a força da Igreja na vida cotidiana, mas também um desejo de diferenciar o uso português do calendário de outras culturas e religiões. A introdução e a manutenção desse sistema estavam alinhadas com a visão de mundo teocêntrica da Idade Média, onde a religião dominava todos os aspectos da vida, incluindo a linguagem.

Domingo e Sábado: Exceções à Regra

O “domingo” e o “sábado” são exceções à regra da “feira“, e sua etimologia também reflete influências religiosas:

Domingo: Vem do latim *Dominicus*, que significa “dia do Senhor”. Este termo é diretamente ligado à tradição cristã, que consagra o domingo como o dia de repouso e de culto a Deus, em homenagem à ressurreição de Cristo.

Sábado: Vem do hebraico *Shabbat*, que significa “descanso” ou “cessação”. No Antigo Testamento, o sábado era o dia de descanso ordenado por Deus, após os seis dias da Criação. Embora o sábado tenha sido o dia sagrado de repouso no judaísmo, na tradição cristã, essa função foi transferida para o domingo.

Comparação com Outras Línguas Românicas

Se compararmos com outras línguas românicas, podemos ver como a tradição portuguesa se destaca:

Espanhol e Italiano: Nestas línguas, os dias da semana mantiveram nomes baseados nas divindades romanas e nos corpos celestes. Por exemplo, “lunes” (segunda-feira em espanhol) vem de “Luna” (Lua), e “martes” (terça-feira) vem de “Marte”.

Francês: O francês também seguiu o padrão romano com nomes como “lundi” (segunda-feira) e “mardi” (terça-feira).

A opção portuguesa de usar “feira” nos dias da semana, portanto, é única e reflete um zelo religioso em cristianizar completamente o calendário.

Conclusão

O uso do termo “feira” nos dias da semana em português é um testemunho da influência profunda que a Igreja Católica exerceu sobre a língua e a cultura em Portugal. Essa nomenclatura foi uma maneira de cristianizar o calendário, afastando-o de referências pagãs e destacando a importância dos dias sagrados na vida dos fiéis. Essa prática foi preservada ao longo dos séculos, e hoje faz parte da rica herança linguística e cultural do mundo lusófono, diferenciando-o de outras culturas latinas e reforçando a identidade histórica e religiosa de Portugal e do Brasil.

Vídeo do excelente Canal “Estranha História”

By Lito

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Lito Contos…

Sherlock Holmes e o Mistério do Cachimbo em Forma de Caveira – Parte 2

De volta ao 221B Baker Street, Holmes estava pensativo, encarando o cachimbo em forma de caveira que repousava sobre a mesa. Watson servia chá, enquanto você ainda refletia sobre os acontecimentos do dia e, ao mesmo tempo, observava o grande amigo Sherlock Holmes.

— Holmes, você disse, vou levar o cachimbo para a outra sala, você está me deixando preocupado com seu olhar penetrante. Dito isso, levantei-me e levei o cachimbo.

Ao regressar ouvi Watson perguntando:

— Holmes, por que está tão pensativo? — entregando-lhe uma xícara de chá.

— Algo naquele antiquário não me cheira bem — respondeu Holmes, sem tirar os olhos do seu próprio cachimbo. — A expressão do dono quando saímos. Há mais nessa história do que ele nos contou.

De repente, um barulho estranho veio da sala ao lado, para onde levei o cachimbo. Nos entreolhamos, e Holmes foi o primeiro a se levantar.

— Vamos investigar — disse ele, pegando uma lupa e se dirigindo para a sala.

Ao chegar, percebemos que o som via da gaveta onde coloquei o cachimbo. Ao abrir a gaveta, vimos que o cachimbo estava emitindo uma luz fraca e um som estranho, como um sussurro.

— Isso é impossível! — você exclamou. — O antiquário disse que não havia nada de sobrenatural!

Holmes aproximou-se cautelosamente, observando cada detalhe. De repente, ele sorriu.

— Watson, traga-me uma pinça e uma lupa maior, por favor.

Watson rapidamente trouxe os instrumentos, e Holmes começou a examinar o cachimbo. Após alguns minutos, ele soltou uma risada.

— É um truque engenhoso — disse ele, segurando um minúsculo dispositivo que havia retirado do cachimbo. — Este dispositivo emite luz e som, acionado por um mecanismo de tempo.

— Então, o antiquário mentiu? — você perguntou, ainda perplexo.

— Sim e não — respondeu Holmes. — Ele contou a verdade sobre o marinheiro, mas omitiu que o próprio cachimbo era uma engenhosa peça de ilusionismo, provavelmente usada para enganar os supersticiosos.

Watson riu.

— Bem, isso explica muita coisa.

Holmes olhou para você com um sorriso.

— Parece que a verdadeira maldição aqui foi a nossa própria credulidade. Os três riram juntos, aliviados. O mistério do cachimbo em forma de caveira havia sido solucionado, e embora não houvesse nada de sobrenatural, a experiência serviu como um lembrete de que nem tudo é o que parece. E enquanto Londres continuava envolta em sua névoa habitual, vocês três voltaram a desfrutar da companhia uns dos outros, prontos para o próximo caso — desde que não envolvesse mais cachimbos amaldiçoados.

By Lito

Sherlock Holmes, personagem criado por Sir Arthur Conan Doyle

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Relembrando…

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Dengue

O que é?

É uma doença infecciosa febril aguda, que pode se apresentar de forma benigna ou grave, dependendo de alguns fatores, entre eles: o vírus envolvido, infecção anterior pelo vírus da dengue e fatores individuais como doenças crônicas (diabetes, asma brônquica, anemia falciforme).

Qual o microrganismo envolvido?

O vírus do dengue pertence à família dos flavivírus e é classificado no meio científico como um arbovírus, os quais são transmitidos pelos mosquitos Aedes aegypti. São conhecidos quatro sorotipos: 1, 2, 3 e 4.

Quais os sintomas?

O doente pode apresentar sintomas como febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, náuseas ou até mesmo não apresentar qualquer sintoma. O aparecimento de manchas vermelhas na pele, sangramentos (nariz, gengivas), dor abdominal intensa e contínua e vômitos persistentes podem indicar um sinal de alarme para dengue hemorrágica. Esse é um quadro grave que necessita de imediata atenção médica, pois pode ser fatal.

É importante procurar orientação médica ao surgirem os primeiros sintomas, pois as manifestações iniciais podem ser confundidas com outras doenças, como febre amarela, malária ou leptospirose e não servem para indicar o grau de gravidade da doença.

Todos os quatro sorotipos de dengue 1, 2, 3 e 4 podem produzir formas assintomáticas, brandas e graves, incluindo fatais. Deve-se levar em consideração três aspectos:

  • 1. Todos os quatro sorotipos podem levar ao dengue grave na primeira infecção, porém com maior frequência após a segunda ou terceira, sem haver diferença estatística comprovada se após a segunda ou a terceira infecção;
  • 2. Existe uma proporção de casos que têm a infecção subclínica, ou seja, são expostos à picada infectante do mosquito Aedes aegypti mas não apresentam a doença clinicamente, embora fiquem imunes ao sorotipo com o qual se infectaram; isso ocorre com 20 a 50% das pessoas infectadas;
  • 3. A segunda infecção por qualquer sorotipo do dengue é predominantemente mais grave que a primeira, independentemente dos sorotipos e de sua sequência. No entanto, os sorotipos 2 e 3 são considerados mais virulentos.

É importante lembrar que muitas vezes a pessoa não sabe se já teve dengue por duas razões: uma é que pode ter tido a infecção subclínica (sem sinais e sem sintomas), e outra é pelo fato da facilidade com que o dengue, principalmente nas formas brandas, pode confundir-se com outras viroses febris agudas.

Como se transmite?

A doença é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Não há transmissão pelo contato direto com um doente ou suas secreções, nem por meio de fontes de água ou alimento.

Como tratar?

Todas as pessoas com febre de menos de sete dias durante uma epidemia ou por casos suspeitos de dengue, cuja evolução não é possível predizer, devem procurar tratamento médico onde algumas rotinas estão estabelecidas para o acompanhamento, conforme a avaliação clínica inicial e subsequente, quanto a possibilidade de evolução para gravidade. A hidratação oral (com água, soro caseiro, água de coco), ou venosa, dependendo da fase da doença, é a medicação fundamental e está indicada em todos os casos em abundância. Não devem ser usados medicamentos à base de ácido acetil salicílico e anti-inflamatórios, como aspirina e AAS, pois podem aumentar o risco de hemorragias.

Como se prevenir?

A melhor forma de se evitar a dengue é combater os focos de acúmulo de água, locais propícios para a criação do mosquito transmissor da doença. Para isso, é importante não acumular água em latas, embalagens, copos plásticos, tampinhas de refrigerantes, pneus velhos, vasinhos de plantas, jarros de flores, garrafas, caixas d´água, tambores, latões, cisternas, sacos plásticos e lixeiras, entre outros.

IMPORTANTE: Somente médicos e cirurgiões-dentistas devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. As informações disponíveis em Dicas em Saúde possuem apenas caráter educativo.

Fontes: Fundação Oswaldo Cruz. Glossário de doenças

Agora, pra amenizar um pouco o clima, sem perder a seriedade, Vamos conhecer o Carlão com Dengue…

Carlão de Ogum

Carlão de Ogum, um devoto umbandista conhecido por seus amigos como o “mediador espiritual da vizinhança”, enfrentava agora um novo desafio, que nem os guias espirituais poderiam ter previsto: a dengue. Como bom brasileiro, Carlão já estava acostumado a lidar com adversidades, mas uma febre tropical era novidade até para ele.

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“Se eu posso lidar com espíritos, posso lidar com um mosquito”, declarava Carlão, embora com um ar menos convincente enquanto tentava equilibrar a temperatura do seu corpo com compressas geladas na testa. A casa, normalmente cheia de incensos e atabaques, agora estava repleta de repelentes e remédios.

Mas Carlão não perdeu o humor. Certa tarde, em meio a um acesso de febre, ele convocou uma reunião espiritual urgente… com ele mesmo. Sentado na sala, rodeado de garrafas de água para se manter hidratado, ele ria enquanto conversava com seus guias espirituais imaginando-os também com pequenos repelentes nas mãos. “Não se aproximem muito, meus guias, que o negócio aqui está febril!”, alertava, com um sorriso torto.

Os amigos preocupados ligavam constantemente, mas Carlão os tranquilizava: “Estou bem, apenas um pouco mais quente do que o normal. Se eu começar a falar coisas estranhas, é só a febre, não é possessão, tá?”

Era comum ver Carlão dançando em suas sessões espirituais, mas agora, a dança era substituída por tremores e arrepios, uma “coreografia” que ele definitivamente não recomendava. “Isso que eu chamo de arrepio espiritual, mas prefiro os outros!”, comentava, tentando manter o ânimo.

Num momento de delírio febril, Carlão decidiu que era hora de afastar o azar. Vestiu-se com suas melhores roupas brancas, colocou um ponto de música de Umbanda no último volume e começou a “expulsar” a dengue com uma vassoura, como se fosse uma entidade negativa. “Sai, dengue! Aqui não é teu lugar!”, gritava ele, enquanto a vassoura voava pelos ares.

Os vizinhos, já acostumados com as peculiaridades de Carlão, apenas riam ao ver a cena através das janelas abertas. “Ele vai acabar expulsando a dengue no grito”, comentavam entre risadas.

Após alguns dias de repouso e muita água, Carlão finalmente melhorou. Na primeira sessão espiritual após sua recuperação, ele não perdeu a chance de agradecer aos céus: “Obrigado, meus guias, por me acompanharem até na dengue! Mas da próxima vez, mandem só as mensagens, não os mosquitos!”

Assim, Carlão de Ogum voltou à sua rotina espiritual, agora com uma nova história para contar e uma nova lição aprendida: mesmo os mais conectados com o além precisam de repelente.

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Rock Progressivo – Introdução

Pink Floyd

Rock progressivo é um estilo musical que surgiu no final da década de 60, no Reino Unido, e ficou muito conhecido a partir da década de 70. O Estilo recebeu influência direta da música clássica, e do Jazz Fusion. Deste estilo surgiu o Rock sinfônico, Space rock, e Metal progressivo. O estilo também foi influenciado pelo rock Psicodélico, e pela banda The Beatles, em sua fase final. A banda mais famosa no rock progressivo é a banda inglesa Pink Floyd.

Genesis

O Rock progressivo surgiu de forma avassaladora nos anos 70, porém na mesma década perdeu força para o Punk Rock. Ainda hoje as bandas do estilo são muito bem conceituadas. No reino unido, Pink Floyd foi uma febre, o álbum The Dark Side of the Moon foi um dos mais vendidos na Inglaterra, em todos os tempos. Estima-se (dado não oficial) que 8 em cada 10 casas do Reino Unido tem um disco ou CD do Pink Floyd.

A banda Renaissance, e a banda Queen, são dois exemplos de bandas que passaram a tocar rock progressivo após o início da carreira.  Nos anos 70 surgiu a banda Kansas, uma das pioneiras do rock progressivo nos EUA.

No Brasil, a banda Os Mutantes se destaca, por inovar bastante o rock progressivo, misturando outros estilos. A banda é conceituada no exterior, já tendo feio shows no Reino unido e outros países da Europa.

Características do rock progressivo:

Músicas com composições longas, com músicas complexas e harmoniosas, lembrando a Música Erudita Algumas músicas, chamadas Épicas, atingem mais de 20 minutos, como é o caso da música “Echoes” com 23 minutos e meio, “Shine on you Crazy Diamond” e “Atom Hearth Mother” com 23:41 minutos, ambas do Pink Floyd e Thick as a Brick do Jethro Tull

As letras abordam temas épicos, assim como ficção científica, guerra, ódio, entre outros. A banda Pink Floyd focou muitas músicas na guerra, um dos álbuns da banda gerou um filme, The Wall.

Álbuns conceituais, onde o tema do álbum é trabalhado aos poucos durante o álbum, até chegar no desfecho. O maior exemplo de álbum conceitual é The Wall, que se tornou filme. No filme, as cenas são baseadas nas músicas.

Uso de instrumentos eletrônicos, e também flauta, Violoncelo, trompete, entre outros.

Existe uma teoria de que o álbum The Dark Side of the Moon foi feito em homenagem ao filme O Mágico de Oz, e as músicas seriam uma trilha sonora do filme. Para comprovar o fato, basta sincronizar o The Dark Side of the Moon com O Mágico de Oz, reproduzindo o álbum no terceiro rugido do leão da Metro Golden Mayer. A letra das músicas, assim como a parte sonora, tem total sincronia com o filme. Um exemplo é na parte onde o filme passa de preto e branco para colorido. Nesse trecho, começa a música “Money”, que significa “dinheiro” em inglês.

Mais sobre Rock Progressivo

Também abreviado por prog rock ou prog; às vezes confundido com art rock, é um amplo gênero de rock que se desenvolveu no Reino Unido e nos Estados Unidos em meados da década de 1960, atingindo o pico no início da década de 1970.

Inicialmente denominado “pop progressivo“, o estilo era uma consequência de bandas psicodélicas que abandonaram as tradições pop padrão em favor de instrumentação e técnicas de composição mais frequentemente associadas ao jazz, folk, ou música clássica. Elementos adicionais contribuíram para seu rótulo de “progressivo”: as letras eram mais poéticas, a tecnologia era aproveitada para novos sons, a música se aproximava da condição de “arte” e o estúdio, mais do que o palco, tornou-se o foco da atividade musical, que muitas vezes envolvia criar música para ouvir em vez de dançar.

O estilo musical buscava uma fusão da música pop e do rock com outros gêneros de harmonia mais complexa. Na sua essência, o som progressivo extrapolava o formato canção em músicas com longuíssimos trechos instrumentais, muitas vez compondo os chamados “álbuns conceituais”, discos que contavam uma história ou possuíam alguma ligação temática entre suas faixas. Assim como a guitarra elétrica se tornou marca registrada do rock n’ roll, o teclado se tornou parte inerente do estilo, alcançando ou até mesmo superando sua condição de principal instrumento.

Tornou-se muito popular na década de 1970, quando o gênero alcançou seu ápice e também sua própria queda de popularidade.

Características

De acordo com entrevistas concedidas pelas bandas em documentários, não houve uma organização consciente de formação do estilo e seus protagonistas geralmente rejeitam ser rotulados, bem como, nas composições não havia padrão a ser seguido quanto a duração e forma. As principais características do rock progressivo incluem:

Elementos essenciais

  • Composições longas, com harmonia e melodias complexas, por vezes atingindo 20 minutos ou mesmo o tempo de um álbum inteiro, sendo muitas vezes chamadas de épicos, como as canções “Echoes”, “Shine On You Crazy Diamond” e “Atom Heart Mother” do Pink Floyd, ou “Supper’s Ready” do Genesis;
  • Letras que abordam temas como ficção científica, fantasia, religião, guerra, amor, loucura e história;
  • Álbuns conceituais, nos quais o tema ou história é explorado ao longo de todo o álbum, como 2112 e Hemispheres do Rush, Animals e The Wall do Pink Floyd;
  • Vocalizações pouco usuais e uso de harmonias vocais múltiplas, como feito pelos grupos Magma, Robert Wyatt e Gentle Giant;
  • Uso proeminente de instrumentos eletrônicos, particularmente de teclados (como órgão Hammond, piano, mellotron, sintetizadores Moog e sintetizadores ARP), além da combinação usual do rock de guitarra, baixo e bateria;
  • Uso de instrumentos pouco ligados à estética do rock, como a flauta,  violoncelo, violino,  bandolim, trompete e corne inglês;
  • O uso de síncope, compassos compostos e mistos, escalas musicais e modos complexos, como o início do álbum Close To The Edge do grupo Yes;
  • Enormes solos de praticamente todos os instrumentos, expressamente para demonstrar o virtuosismo e feeling dos músicos, que contribuíram para a fama de intérpretes como Rick Wakeman, Neil Peart, David Gilmour e Greg Lake;
  • Inclusão de peças clássicas nos álbuns, como o grupo Emerson Lake & Palmer, que incluía partes extensas de peças de Bach em seus álbuns.

Modelos de composição

As composições do rock progressivo muitas vezes se inspiravam nos moldes das “suítes” eruditas:

  • A forma de uma peça que é subdividida em várias à maneira da música erudita. Um bom exemplo disso é “Close to the Edge” e “And You And I” do Yes no álbum Close to the Edge, que são divididas em quatro partes, ou “2112” do Rush dividida em sete partes, ou até mesmo a instrumental “La villa Strangiato” dividida em onze partes. Outros exemplos mais recentes do metal progressivo são “A Change of Seasons” (do álbum A Change Of Seasons) e “Octavarium” (do álbum Octavarium) do Dream Theater, que é dividida em sete e cinco partes, respectivamente; e “Through the Looking Glass” (três partes), “The Divine Wings of Tragedy” (sete partes) e “The Odyssey” (sete partes) do Symphony X;
  • Composição feita de várias peças, estilo “manta de retalhos”. Bons exemplos são: “Supper’s ready” do Genesis no álbum Foxtrot e o álbum Thick as a Brick do Jethro Tull;
  • Harmonias feitas com base em tríades, utilizando progressões não tão usuais, o progressivo (com algumas exceções, como o grupo de Rock Progressivo Soft Machine) não utilizam acordes com sonoridades dissonantes, como feito na Bossa Nova e no Jazz;
  • Uma peça que permite o desenvolvimento musical em progressões ou variações à maneira de um bolero. “Abbadon’s Bolero” do trio Emerson, Lake & Palmer, “King Kong” do álbum Uncle meat de Frank Zappa são bons exemplos.

História

O rock progressivo foi tocado pela primeira vez no final dos anos 1960, no entanto, se tornou especialmente popular no início da metade dos anos 1970. No final dos anos 1960, algumas bandas – geralmente da Inglaterra – começaram a experimentar formas de músicas mais longas e complexas pois os jovens músicos daquela geração estavam vivendo a “contracultura” que rompia com a cultura pop e hippie, ao passo que as gravadoras concediam liberdade de criação aos artistas contribuindo para um leque ilimitado de possibilidades em estúdio. O termo “rock progressivo” foi cunhado pela imprensa nos anos 1970 pela necessidade jornalística de atribuir rótulos ao escrever matérias e resenhas.

Inicialmente chamado de “pop progressivo”, o estilo era uma consequência de bandas psicodélicas que abandonaram as tradições pop padrão em favor de instrumentação e técnicas de composição mais frequentemente associadas ao jazz, folk ou música clássica. Elementos adicionais contribuíram para seu rótulo “progressista”: as letras eram mais poéticas, a tecnologia era aproveitada para novos sons, a música aproximava-se da condição de “arte”, e o estúdio, não o palco, tornou-se o foco da atividade musical, muitas vezes criando música para ouvir em vez de dançar.

Abaixo está uma pequena discografia selecionada para quem busca saber mais sobre prog (existem muitos outros discos excelentes, as indicações abaixo são só pra começar a curtir), bem como uma playlist com alguns dos maiores clássicos do estilo:

  • King Crimson – In the Court of the Crimson King (1969)
  • ELP – Emerson, Lake & Palmer (1970)
  • Van der Graaf Generator – H to He Who Am the Only One (1970)
  • Yes – The Yes Album (1971)
  • Caravan – In the Land of Grey and Pink (1971)
  • Genesis – Nursery Crime (1971)
  • Yes – Fragile (1971)
  • ELP – Tarkus (1971)
  • Jethro Tull – Aqualung (1971)
  • Pink Floyd – Meddle (1971)
  • Van der Graaf Generator – Pawn Hearts (1971)
  • Genesis – Foxtrot (1972)
  • Premiata Forneria Marconi – Storia di un minuto (1972)
  • Yes – Close to the Edge (1972)
  • Jethro Tull – Thick as a Brick (1972)
  • Gentle Giant – Octopus (1972)
  • ELP – Brain Salad Surgery (1973)
  • King Crimson – Lark’s Tongues in Aspic (1973)
  • Genesis – Selling England by the Pound (1973)
  • Pink Floyd – The Dark Side of the Moon (1973)
  • King Crimson – Red (1974)
  • Supertramp – Crime of the Century (1974)
  • Camel – Mirage (1974)
  • Yes – Relayer (1974)
  • Genesis – The Lamb Lies Down on Broadway (1974)
  • Pink Floyd – Wish You Were Here (1975)
  • Mike Oldfield – Ommadawn (1975)
  • Camel  – The Snow Goose (1975)
  • Van der Graaf Generator – Godbluff (1975)
  • Rush – 2112 (1976)
  • Camel – Moonmadness (1976)
  • Pink Floyd – Animals (1977)
  • Rush – A Farewell to King (1977)
  • Rush – Hemispheres (1978)
  • Pink Floyd – The Wall (1979)
  • King Crimson – Discipline (1981)

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Alan Parsons

Se vocês tiverem curiosidade em ouvir a minha Webradio, irão perceber que sou um FÃ alucinado da banda The Alan Parsons Project!

Como é comum entre talentos da música, desde a mais tenra idade, o produtor e compositor inglês, Alan Parsons, começou sua carreira como técnico de gravação estagiário da gravadora EMI.

Em seguida, foi contratado pelo estúdio Abbey Road, onde participou de nada menos do que a gravação do álbum homônimo dos Beatles.

Antes de caminhar pelas estradas do sucesso como músico e com uma experiência considerável na bagagem, produziu o lendário álbum Dark Side of the Moon (1973) da banda de rock progressivo Pink Floyd, que lhe rendeu uma indicação ao Grammy de melhor mixagem no ano seguinte. Parsons ainda mixou trabalhos solo de artistas como Paul McCartney, George Harrison, The Hollies e Al Stewart, em seu álbum Year of the Cat (1976).

Em 1976, decidiu produzir seu próprio disco, agora atuando não só como técnico, mas também como músico. Uniu-se ao empresário e compositor Eric Woolfson e fundou o Alan Parsons Project, mantendo o estilo new age com pitadas de rock progressivo, que transformou em música e letras com temas peculiares. O primeiro álbum, de 1976 chamou-se Tales of Mistery and Imagination e foi inspirado na obra do escritor inglês Edgar Allan Poe.

Já no ano seguinte, I, Robot teve como musa inspiradora a ficção científica do livro de mesmo nome de Isaac Asimov. No final dos anos 80, porém, Woolfson seguiu outro caminho e Parsons decidiu continuar com o Project.

Em 1982, foi lançado seu maior hit. O incansável refrão ‘I can read your mind’ reverberava nas paradas, com o álbum Eye in the Sky, que ganhou inúmeros discos de ouro e platina no mundo inteiro.

Em seu último trabalho, A Valid Path lançado em 2004, Alan Parsons inova, mergulhando na música eletrônica presente em canções inéditas e em novas versões de algumas já bastante conhecidas. O álbum tem ainda a participação de David Gilmour, guitarrista do Pink Floyd.

The Alan Parsons Project

É um grupo de rock inglês formado nos fins dos anos 70 inícios dos anos 80 e foi fundado por Alan Parsons e Eric Woolfson.

Muitos dos seus títulos, especialmente os primeiros, partilham traços comuns com The Dark Side of the Moon do Pink Floyd, talvez influenciado pela sua participação como engenheiro de som na produção deste álbum em 1973. Eram álbuns conceituais que começavam com uma introdução instrumental esvanecendo-se na primeira canção, uma peça instrumental no meio do segundo lado do LP e terminavam com uma canção calma, triste e poderosa. (No entanto, a introdução instrumental só foi realizada até 1980 – a partir desse ano, nenhum álbum exceto “Eye In The Sky” possuiu uma.)

O grupo era bastante incomum na continuidade dos seus membros. Em particular, as vocalizações principais pareciam alternar entre Woolfson (principalmente nas músicas lentas e tristes) e uma grande variedade de vocalistas convidados escolhidos devido às suas características para interpretar determinado tema.

Mesmo assim, muitos sentem que o verdadeiro cerne do Projeto consistia exclusivamente de Alan Parsons e Eric Woolfson. Eric Woolfson era um advogado, por profissão, mas também um compositor clássico treinado e pianista. Alan Parsons era um produtor musical de grande sucesso. Ambos trabalharam juntos para conceber canções notáveis e com uma fidelidade impecável.

Andrew Powell (compositor e organizador de música de orquestra durante a vida do projeto), Ian Bairnson (guitarrista) e Richard Cottle (sintetizador e saxofonista) também se tornaram partes integrais do som do Projeto. Powell é também acreditado por ter composto uma banda sonora ao estilo do Projeto para o filme Feitiço de Áquila (Ladyhawke em inglês) de Richard Donner.

Discografia

1975 Tales of Mystery and Imagination, Edgar Allan Poe – Baseado em histórias do escritor Edgar Allan Poe. A posterior reedição em CD (1987) tinha uma introdução falada por Orson Welles.

1977 I Robot – É o título da obra de Isaac Asimov. Muitas das canções deste álbum são baseadas em novelas deste escritor. O álbum é chamado de “uma visão do amanhã através dos olhos de hoje”.

1978 Pyramid – O Antigo Egipto emerge repetidamente, o álbum é chamado de “uma visão do ontem através dos olhos de hoje”.

1979 Eve – Acerca das mulheres.

1980 The Turn of a Friendly Card – Acerca do jogo.

1982 Eye in the Sky – Acerca da Vida e do Universo, contém o seu single mais famoso, “Eye in the Sky.” “Sirius,” uma faixa instrumental que imediatamente precede “Eye in the Sky” no álbum, é frequentemente utilizada como música de entrada por equipes desportivas americanas; é provavelmente mais conhecida pelo seu uso pelos Chicago Bulls durante a era Michael Jordan.

1983 Ammonia Avenue, este é o seu álbum melhor sucedido comercialmente.

1984 Vulture Culture, uma crítica ao consumismo e, em particular, à cultura popular americana.

1985 Stereotomy – Os pontos de vista de personagens com diferentes doenças mentais.

1987 Gaudi – Acerca do arquiteto Antoni Gaudí e o seu trabalho mais famoso, La Sagrada Família.

Após estes álbuns, Parsons lançou outros títulos sob o seu nome, enquanto que Woolfson fez um último álbum conceitual chamado Freudiana (acerca do trabalho de Sigmund Freud na Psicologia).

Embora a versão de estúdio de Freudiana tenha sido produzida por Alan Parsons, foi principalmente de Eric Woolfson a ideia de convertê-lo num musical. Isto eventualmente levou a uma separação entre os dois artistas.

Enquanto que Alan Parsons seguiu uma carreira solo (levando muitos membros do Projeto para a estrada, pela primeira vez numa tournée mundial de sucesso), Eric Woolfson foi produzir musicais influenciados pela música do Projeto. Freudiana e Gambler foram dois musicais que continham êxitos da banda como “Eye in the Sky”, “Time”, “Inside Looking Out” e “Limelight”.

Membros

Alan Parsons, tecladista, produtor, engenheiro;
Eric Woolfson, tecladista, produtor executivo;
Andrew Powell, tecladista, arranjo para orquestra;
Ian Bairnson, guitarrista
Baixo: David Paton (1975-1985); Laurie Cottle (1985-1987)
Bateria, Percussão: Stuart Tosh (1975-1977); Stuart Elliott (1977-1987)
Saxofone, Teclado: Mel Collins (1980-1984); Richard Cottle (1984-1987)
Vocais: Eric Woolfson, Lenny Zakatek, John Miles, Chris Rainbow, Colin Blunstone, David Paton, e muitos outros.

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Texto de Luis Veríssimo – Operado de hemorroidas

Agora, um pouco de humor pois ninguém é de ferro

Texto engraçadíssimo do Luís Veríssimo

“Ptolomeu em 150 d.C. falava que a terra era o centro do universo e que tudo girava em torno dela, foram precisos cerca de 1400 anos para esta teoria ser rebatida por Nicolau Copérnico provando para a humanidade que o Sol sim era o centro.”

Eu. Simplesmente eu, descobri em apenas três dias, após 56 anos, que ambos estavam redondamente enganados: o centro do universo é o cu.

Isso mesmo, o cu!

Operei de hemorroidas em caráter de urgência algumas semanas atrás. No domingo à noitinha, o que achava que seria um singelo peidinho, quase me virou do avesso.

“É difícil, mas vamos ver se reverte”, falou meu médico.

Reverteu merda nenhuma, era mais fácil o Lula aceitar que sabia do mensalão do que aquela lazarenta bolinha (?) dar o toque de recolher.

Foram quase 2 horas de cirurgia e confesso não senti nadica de nada, nem se me enrabaram durante minha letargia! Dois dias de hospital, passei bem embora tenham tentado me afogar com tanto soro que me aplicaram, foram litros e litros; recebi alta e fui repousar em casa.

Passados os efeitos anestésicos e analgésicos, vem a “primeira vez”.

PUTA QUI PARIU!!! Parece que você está cagando um croquete de figo da Índia, casca de abacaxi, concha de ostra e arame farpado. É um autoflagelo.

Parece que você tá cagando uma briga de 5 gatos, sai arranhando tudo.
Caguei de pé, pois sentado achei que o cú ia junto…

Por uns três dias dói tanto que você não imagina uma coisinha tão pequena e com um nome tão reduzido (cu) possa doer tanto. O tamanho da dor não é proporcional ao tamanho do nome, neste caso, cu deveria chamar dobrovosky, tegulcigalpa, nabucodonosor.

Passam pela cabeça soluções mágicas: Usar um ventilador! Só se for daqueles túneis aerodinâmicos. Gelo! Só se eu escorregar pelado por uma encosta do Monte Everest. Esguichinho d’água! Tem que ser igual a da Praça da Matriz, névoa seguida de jatos intercalados.

Descobri também que somos descendentes diretos do babuíno, porque você fica andando como macaco e com o cu vermelho; qualquer tosse, movimento inesperado, virada mais brusca o cu dói, e como!

Para melhorar as “idas” à privada, recomenda-se dieta na base de fibras, foi o que fiz: comi cinco vassouras piaçaba, um tapete de sisal e sete metros de corda.

Agora sei o sentido daquela frase: “quem tem medo de cagar não come! “Perdi 4 quilos; 3,5 de gordura e 0,5 de cu. Tudo valeu, agora já estou bem, cagando como manda o figurino, não preciso pensar para peidar, o cu ficou afinado em Si Bemol menor, uma beleza! A foda é que usei Modess (vulgo penso higiénico) por 20 dias após a cirurgia e hoje tô sentindo falta dele!”

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Alexandre, o Grande

Alexandre III da Macedônia

Mosaico de Alexandre, o Grande, e Bucéfalo

Alexandre III da Macedônia, mais conhecido como Alexandre, o Grande (v. 21 de julho de 356 – 10 ou 11 de Junho de 323 a.C., r. 336-323 a.C.) era filho do Rei Filipe II da Macedônia (r. 359-336 a.C.). Ele ascendeu ao trono com a morte do pai, em 336 a.C., e conquistou a maior parte do mundo conhecido na época.

Alexandre, o Grande (Reconstituição Facial) – Arienne King (CC BY-NC-SA)

É chamado de “o Grande” tanto por seu gênio militar quanto pelo talento diplomático em lidar com as várias populações das regiões que conquistou. Alexandre disseminou a cultura, linguagem e pensamento gregos pela Ásia Menor, Egito, Mesopotâmia e até a Índia, assim iniciando a era do Período Helenístico (323-21 a.C.). Este processo continuou com quatro de seus generais (seus sucessores, conhecidos como Diádocos) que, durante as guerras pela supremacia, continuaram sua política de integração da cultura grega (helenística) com a do Oriente Próximo. Ele morreu de causas desconhecidas em 323 a.C., sem ter nomeado claramente um sucessor (ou, de acordo com alguns relatos, sua escolha do comandante Pérdicas teria sido ignorada) e o império que construiu foi dividido entre os Diádocos.

As campanhas de Alexandre tornaram-se lendárias, influenciando as táticas e carreiras de generais gregos e romanos posteriores, bem como inspirando numerosas biografias posteriores que lhe atribuíram um status semidivino. Os historiadores modernos adotam uma abordagem mais crítica em relação à sua vida e carreira, como demonstrado pela crítica à destruição de Persépolis e ao tratamento dispensado aos cidadãos de Tiro. Porém, o consenso geral referente ao seu legado, entre os estudiosos ocidentais, de qualquer forma, permanece em sua maior parte positivo e Alexandre continua sendo uma das personagens mais populares e reconhecíveis da história mundial.

A Juventude de Alexandre

Quando Alexandre era jovem, foi ensinado a lutar e montar a cavalo por Leônidas do Épiro, um parente de sua mãe, Olímpia, assim como a suportar privações típicas de soldados, tais como marchas forçadas. Seu pai, Filipe, estava interessado em criar um futuro rei refinado e, assim, contratou Lisímaco de Acarnânia para ensinar ao garoto a ler, escrever e tocar a lira. Esta educação instilaria em Alexandre um amor duradouro pela leitura e música. Com a idade de 13 ou 14 anos, ele conheceu o filósofo grego Aristóteles (v. 384-322), que Filipe havia contratado como um tutor particular. Seus estudos com Aristóteles durariam até os 16 anos e acredita-se que mantiveram uma correspondência durante todas as campanhas posteriores de Alexandre, embora não haja evidências concretas a respeito.

A influência de Aristóteles manteve-se no relacionamento com os povos que conquistou, pois Alexandre jamais impôs a cultura grega sobre os habitantes das várias regiões subjugadas, mas apenas a apresentava, da mesma forma que o filósofo usava para ensinar seus alunos. A influência de Leônidas pode ser verificada na duradoura resiliência e energia física de Alexandre, bem como em sua habilidade como cavaleiro. Conta-se que ele domou o “incontrolável” Bucéfalo quando tinha apenas 11 ou 12 anos.

Seus tutores certamente exerceram uma profunda influência sobre ele, mas Alexandre parecia destinado à grandeza desde o nascimento. Ele teve, em primeiro lugar, um pai cujas realizações proporcionaram uma base sólida para seus sucessos posteriores. O historiador Diodoro Sículo observa:

Durante os vinte e quatro anos de seu reinado na Macedônia, que ele iniciou com recursos bastante escassos, Filipe transformou seu reino em um dos maiores poderes da Europa […] Ele projetou a derrubada do Império Persa, desembarcou forças na Ásia e estava no processo de libertar as comunidades helenísticas quando foi interrompido pelo Destino – a despeito do qual, ele deixou de herança uma força militar de tal tamanho e qualidade que seu filho Alexandre foi capaz de derrotar o Império Persa sem requerer a assistência de aliados. Estas realizações não aconteceram pela ação da Fortuna, mas pela sua própria força de caráter, pelo que este rei se eleva sobre todos os outros pela sua perspicácia militar, coragem pessoal e brilhantismo intelectual. (Livro XVI.ch.1)

Ainda que claramente seu pai tenha tido um grande impacto sobre ele, o próprio Alexandre escolheu acreditar que seu sucesso se devia a forças divinas. Chamava-se filho de Zeus e, assim, reivindicava o status de um semideus, ligando sua linhagem aos seus heróis favoritos da Antiguidade, Aquiles e Hércules, e modelando seu comportamento neles. Esta crença foi instilada nele por Olímpia, que chegou a afirmar ter sido engravidada pelo próprio Zeus, ou seja, Alexandre teria nascido de uma concepção virginal. Grandes sinais e presságios marcaram seu nascimento, tais como uma estrela brilhante resplandecendo sobre a Macedônia naquela noite e a destruição do Templo de Ártemis, em Éfeso. Plutarco escreve:

Alexandre nasceu no sexto dia de Hecatombaeon, o mês que os macedônios chamam Lous, o mesmo dia em que o templo de Diana, em Éfeso, foi incendiado; como testemunha Hegésias de Magnésia, que faz disso uma ocorrência tão fria que teria sido suficiente para extinguir o incêndio do templo. O templo, diz ele, pegou fogo e foi destruído enquanto sua senhora estava ausente, ajudando no nascimento de Alexandre. Todos os adivinhos orientais que estavam na ocasião em Éfeso, buscando nas ruínas do templo um sinal de alguma outra calamidade, correram pela cidade, golpeando os próprios rostos e gritando que este dia havia trazido alguma coisa que se mostraria fatal e destrutiva para toda a Ásia. (Plutarco, Vida de Alexandre, I)

NO ORÁCULO DE SIWA, ELE FOI PROCLAMADO FILHO DO DEUS ZEUS-AMON.

Embora seu nascimento esteja bem documento pelos historiadores, há pouca informação sobre sua juventude, além das fábulas sobre sua precocidade (ele teria interrogado dignatários que visitavam a Macedônia sobre as fronteiras e pontos fortes da Pérsia quando tinha sete anos), seus tutores e amigos de infância. Os amigos de Alexandre – Cassandro (v.c. 355-297 a.C.), Ptolomeu (v.c. 367-282 a.C.) e Heféstion (v.c. 356-324 a.C.), tornariam-se companhias de toda a vida e generais em seu exército.

Calístenes (v.c. 360-327 a.C.), outro amigo, era sobrinho-neto de Aristóteles e veio para a corte macedônia com o filósofo. Mais tarde, atuaria como historiador da corte e acompanharia Alexandre em campanha. Heféstion permaneceu seu melhor e mais querido amigo através de toda a vida, além de segundo em comando no exército. Sobre a juventude de Alexandre, o historiador Worthington afirma que Alexandre “seria educado em casa, como era costume na Macedônia e cresceria acostumado a assistir (e então participar) nas competições etílicas, parte da vida na corte”, mas que, à parte essas informações, “sabemos surpreendentemente pouco sobre a infância de Alexandre” (33).

Queroneia e Campanhas Iniciais

O talento militar de Alexandre começou a ser notado na Batalha de Queroneia, em 338 a.C. Ainda que com apenas 18 anos, ele ajudou reverter o rumo da batalha nesta vitória decisiva dos macedônios, que derrotaram cidades-estados gregas aliadas. Quando Filipe II foi assassinado, em 336 a.C., Alexandre assumiu o trono e, com as cidades-estados gregas agora unidas sob o poder macedônio após Queroneia, iniciou a grande campanha que seu pai havia planejado: a conquista do poderoso Império Persa. Worthington declara:

Homero era a bíblia de Alexandre e ele levou a edição de Aristóteles com ele para a Ásia […]. Durante suas campanhas, Alexandre sempre procurava descobrir tudo o que podia sobre as regiões pelas quais passava. Levou com ele uma comitiva de estudiosos para registrar e analisar tais informações sobre botânica, biologia, zoologia, meteorologia e topografia. Seu desejo de aprender e ter os dados registrados tão cientificamente quanto possível, provavelmente resultaram dos ensinamentos e entusiasmo de Aristóteles. (34-35)

Com um exército macedônio de 32.000 homens na infantaria e 5.100 na cavalaria, Alexandre fez a travessia para a Ásia Menor em 334 a.C. e começou sua conquista do Império Persa Aquemênida, derrotando um exército liderado por sátrapas na Batalha de Grânico, em maio. Ele então “libertou” (como classificava suas conquistas) as cidades de Sardis e Éfeso do domínio persa no mesmo ano, antes de se dirigir a outras da Ásia Menor. Em Éfeso, ofereceu-se para reconstruir o Templo de Ártemis, que havia sido destruído por um incêndio na noite de seu nascimento, mas a cidade rejeitou a proposta. Em 333 a.C., Alexandre e suas tropas derrotaram um exército maior, liderado pelo próprio Rei Dário III da Pérsia (r. 336-330 a.C.), na Batalha de Issos. Ele continuou e saqueou as cidades fenícias de Baalbek e Sidon (que tinha se rendido) em 332 a.C., e então sitiou a cidade insular de Tiro.

Tão determinado estava em conquistar a antiga cidade que construiu um caminho elevado da terra firme até a ilha, no qual montou suas máquinas de sítio. Este caminho aumentou progressivamente, graças ao acúmulo de lama e terra, e esta é a razão pela qual Tiro faz parte do continente, no atual Líbano. Como punição pela teimosa resistência, os habitantes da cidade foram massacrados e os sobreviventes vendidos como escravos. Esta decisão referente aos cidadãos de Tiro é citada por historiadores, tanto antigos como modernos, como um exemplo básico do caráter implacável de Alexandre quando desafiado.

Em 331 a.C., conquistou o Egito e fundou a cidade de Alexandria. No Oráculo de Siwa, situado no oásis egípcio homônimo, foi Alexandre foi proclamado filho do deus Zeus-Amon.

Busto de Bronze de Alexandre, o Grande

As Campanhas Persas

Em 331 a.C., Alexandre reencontrou o Rei Dário III no campo de batalha em Gaugamela (também chamada de Batalha de Arbela) onde, novamente em grande inferioridade numérica, derrotou decisivamente o soberano persa, que fugiu do combate. Babilônia e Susa renderam-se incondicionalmente, sem resistência. No inverno de 330 a.C., Alexandre marchou sobre Persépolis, encontrando oposição na Batalha dos Portões Persas, defendidos pelo herói Ariobarzanes (v. 386-330 a.C.) e sua irmã, Youtab Aryobarzan (d. 330 a.C.), no comando das tropas. O rei macedônio os derrotou e tomou Persépolis, que então foi destruída pelo fogo.

De acordo com o antigo historiador Diodoro Sículo (e outras fontes da Antiguidade), o próprio Alexandre iniciou o fogo, que destruiu o palácio principal e a maior parte da cidade, como vingança pelo incêndio da Acrópole, em Atenas, durante a invasão do rei persa Xerxes, em 480 a.C. Esta ação teria sido instigada por Taís, a amante ateniense do general Ptolomeu, durante uma festa de bêbados, com a afirmação de que seria uma vingança adequada se a cidade fosse queimada “pelas mãos de uma mulher”. Conta-se que ela teria atirado sua tocha logo após Alexandre ter jogado a primeira.

No verão de 330 a.C., Dário III foi assassinado por seu próprio general e primo, Besso, uma atitude que Alexandre teria reprovado. O cadáver de Dário III foi tratado com o maior respeito, assim como os membros sobreviventes da sua família. Alexandre proclamou-se Rei da Ásia e continuou com sua conquista, marchando para o interior do atual Afeganistão. Em 329 a.C., fundou a cidade de Alexandria-Escate no Rio Iaxartes, destruiu a cidade de Cirópolis e derrotou os citas nas fronteiras setentrionais do império. Entre o outono de 330 a.C. e a primavera de 327 a.C., lutou contra Báctria (Báctria foi uma província do Império Persa, localizada onde hoje se encontram o Afeganistão, Uzbequistão e Tajiquistão) e Sogdiana, em duros combates que terminou vencendo, como havia ocorrido com cada batalha até o momento. Besso acabou capturado e executado pela traição contra o rei persa, numa mensagem clara de que deslealdades deste tipo não seriam toleradas.

Durante este período, Alexandre fundou muitas cidades que levavam seu nome para solidificar a imagem não somente de “libertador”, mas como a de um deus, adotando também o título Shahanshah (Rei dos Reis), usado pelos governantes do Primeiro Império Persa. Em consequência deste status, ele introduziu o costume persa da proskynesis ao exército, segundo o qual aqueles que se dirigiam a ele deveriam em primeiro lugar ajoelhar-se e beijar sua mão.

As tropas macedônias ficaram cada vez mais desconfortáveis com a aparente deificação de Alexandre e a adoção de costumes persas. Conspirações de assassinato foram planejadas (principalmente em 327 a.C.), mas terminaram descobertas e os conspiradores executados, mesmo que fossem velhos amigos. Calístenes tornou-se um deles, ao ser implicado numa das conspirações. Cleito, o velho político que havia salvo a vida de Alexandre na Batalha de Grânico, acabaria condenado de forma semelhante. Em c. 327 a.C., Alexandre desfez-se tanto de Calístenes quanto de Cleito, em incidentes separados, por traição e por questionar sua autoridade, respectivamente.

O hábito de Alexandre de beber em excesso era bem conhecido e, no caso da morte de Cleito, certamente influenciou de forma significativa o assassinato. Tanto Cleito quanto Calístenes haviam se tornado críticos abertos da adoção dos costumes persas pelo rei. Embora capaz de grande diplomacia e habilidade em lidar com os povos conquistados e seus governantes, Alexandre não era conhecido por tolerar opiniões pessoais que conflitavam com as suas próprias, uma tendência só exacerbada quando bebia. A morte de Cleito foi rápida, através de uma lança que Alexandre atirou contra ele, enquanto Calístenes foi preso e morreu durante o confinamento.

Mapa das Conquistas de Alexandre, o Grande

Índia e Motim

Em 327 a.C., com o Império Persa firmemente sob seu controle e recém-casado com a nobre bactriana Roxana (v. c. 340-c. 310 a.C.), Alexandre voltou sua atenção para a Índia. Após tomar conhecimento das façanhas do grande general macedônio, o rei indiano Omphis de Taxila submeteu-se à sua autoridade sem luta, mas as tribos Aspasioi e Assakenoi resistiram ferozmente. Em batalhas realizadas de 327 a 326 a.C., Alexandre subjugou estas tribos, e finalmente defrontou-se com o Rei Poro de Paurava na Batalha do Rio Hidaspes, em 326 a.C.

Poro atacou as forças de Alexandre com elefantes e lutou tão bravamente com suas tropas que, após derrotá-lo, Alexandre o nomeou governante de uma região maior do que a que havia reinado anteriormente. Seu cavalo predileto, Bucéfalo, foi morto nesta batalha e Alexandre chamou uma das duas cidades que fundou após o combate como “Bucéfala” em homenagem ao animal.

Alexandre pretendia marchar e cruzar o Rio Ganges em direção a futuras conquistas, mas suas tropas, esgotadas após o duro combate contra Poro (no qual, de acordo com Arriano, teriam sido perdidos 1.000 homens), amotinaram-se em 326 a.C. e se recusaram a ir adiante. O rei tentou persuadir seus homens a prosseguir, mas, falhando em convencê-los, finalmente concordou com seus desejos. Ele dividiu o exército em dois, enviando metade de volta a Susa pelo mar, através do Golfo Pérsico, sob o comando do Almirante Nearco, e marchou com a outra metade através do Deserto Gedrosiano em 325 a.C., quase um ano depois do motim das tropas.

As justificativas por trás desta decisão, tanto em adiar a retirada após o motim e a forma como finalmente ocorreu, não estão claras e ainda são debatidas pelos historiadores. Mesmo que tivesse abandonado sua conquista da Índia, Alexandre ainda interrompia sua marcha para subjugar as tribos hostis que encontrava pelo caminho. O áspero terreno do deserto e os combates cobraram seu preço e, quando alcançou Susa, em 324 a.C., Alexandre tinha sofrido baixas consideráveis em suas tropas.

Após seu retorno, descobriu que muitos sátrapas a quem havia confiado o governo tinham abusado do seu poder e, assim, os executou, assim como aqueles que haviam vandalizado a tumba de Ciro, o Grande (r. c. 550-530 a.C.), na velha capital de Pasárgada. Ele ordenou que a antiga capital e a tumba fossem restauradas e tomou outras medidas para integrar seu exército com os povos da região, mesclando as culturas persa e macedônia.

O rei presidiu uma cerimônia de casamento coletivo em Susa, em 324 a.C., na qual uniram-se membros mais proeminentes do seu staff com princesas e nobres persas, enquanto ele mesmo se casou com uma filha de Dário III para consolidar sua identidade com a realeza persa. Muitos em suas tropas objetavam a esta fusão cultural e criticavam cada vez mais a adoção de vestimentas persas e os maneirismos que vinha adotando desde 329 a.C. Também resistiam à promoção de persas no lugar de macedônios nos exércitos e à ordem do rei de fundir unidades macedônias e persas. Alexandre respondeu nomeando persas para posições proeminentes no exército e concedendo títulos e honrarias tradicionais macedônias às unidades persas.

Suas tropas recuaram e se submeteram aos desejos de Alexandre e, num gesto de boa vontade, ele devolveu os títulos aos macedônios e ordenou uma grande festa comunal, na qual jantou e bebeu com o exército. Alexandre já havia abandonado a obrigatoriedade do costume da proskynesis, em deferência a seus homens, mas continuou a se comportar como um rei persa, em vez de macedônio.

Por volta desta época, em 324 a.C., Heféstion, amigo de toda a vida, possivelmente amante, e também segundo em comando de Alexandre, morreu de uma febre, embora alguns relatos sugiram que ele pode ter sido envenenado. A alegação de que Alexandre era homossexual ou bissexual aparece em biografias escritas após sua morte e Heféstion é rotineiramente indicado como seu amante, bem como melhor amigo. Os relatos dos historiadores sobre a reação de Alexandre a este evento concordam que seu pesar foi insuportável.

Plutarco afirma que Alexandre massacrou os cosseanos de uma tribo vizinha em sacrifício a seu amigo e Arriano relata que ele mandou executar o médico de Heféstion por falhar em curá-lo. As crinas e caudas dos cavalos foram cortadas em sinal de luto e Alexandre se recusou a promover outra pessoa para a posição de Heféstion como comandante da cavalaria. Ele começou um jejum e declarou um período de luto através de todo o império, além de ritos funerários geralmente reservados a um rei.

A Morte de Alexandre

Ainda pesaroso pela morte de Heféstion, Alexandre retornou à Babilônia em 323 a.C., com planos de expandir seu império, mas jamais iria realizá-los porque morreu em 10 ou 11 de Junho de 323 a.C., aos 32 anos de idade, após sofrer com dez dias de febre alta. As teorias referentes à causa da morte variam entre envenenamento, malária, meningite e até infecção bacterial ao beber água contaminada (entre outras).

Plutarco diz que, 14 dias antes da morte, Alexandre divertiu-se com seu almirante Nearcos e seu amigo Médio de Larissa numa longa sessão de bebedeira, após a qual caiu doente com uma febre da qual não se recuperou. Quando foi perguntado sobre quem deveria sucedê-lo, Alexandre disse: “o mais forte”, resposta que levou seu império a ser dividido entre quatro de seus generais: Cassandro, Ptolomeu, Antígono e Seleuco, conhecidos como Diadochi (Diádocos) ou “sucessores”.

Sarcófago de Alexandre (detalhe)

Plutarco e Arriano, porém, alegam que ele passou seu reino para Pérdicas, o amigo de Heféstion com o qual Alexandre havia carregado seu corpo para a pira funerária na Babilônia. Pérdicas era também amigo de Alexandre, bem como seu guarda-costas e companheiro de cavalgadas. Considerando o hábito do rei de recompensar os mais próximos com favores, faz sentido que indicasse Pérdicas em detrimento aos demais. Seja como for, após a morte de Alexandre, seus generais ignoraram seus desejos e Pérdicas acabou assassinado em 321 a.C.

Os Diádocos

Seu camarada de longa data, Cassandro, ordenaria as execuções de Roxana e do filho desta com Alexandre, além de Olímpia, para consolidar o poder como o novo rei da Macedônia. Afirma-se que Ptolomeu I roubou o cadáver de Alexandre quando estava sendo transportado para a Macedônia e o levou furtivamente para o Egito, na esperança de tornar realidade uma profecia segundo a qual o lugar onde ele jazesse seria próspero e inconquistável. Ele fundaria a Dinastia Ptolemaica no Egito, que duraria até 30 a.C., terminando com a morte de sua descendente, Cleópatra VII (v. 69-30 a.C.).

Seleuco fundou o Império Selêucida (312-63 a.C.), compreendendo a Mesopotâmia, Anatólia e parte da Índia e seria o último remanescente dos Diádocos após 40 anos de incessantes guerras entre eles e seus herdeiros. Veio a ser conhecido como Seleuco I Nicator (Invencível, r. 305-281 a.C.). Nenhum dos generais de Alexandre possuía sua inteligência natural, compreensão ou gênio militar, mas, ainda assim, eles fundaram dinastias que, com exceções, governariam suas respectivas regiões até a ascensão de Roma.

Sua influência sobre estas áreas criaria o que os historiadores chamam de Período Helenístico, no qual haveria a introdução e fusão do pensamento e cultura dos gregos com os costumes destas populações. De acordo com Diodoro Sículo, uma das cláusulas do testamento de Alexandre previa a criação de um império unificado entre os antigos inimigos. Pessoas do Oriente Próximo deveriam ser encorajadas a se casar com europeus e vice-versa; assim, uma nova cultura helenística seria adotada por todos. Ainda que os Diádocos tenham falhado no atendimento pacífico aos desejos de Alexandre, a helenização de seus impérios contribuiu para o sonho de unidade cultural, mesmo que ela jamais se concretizasse completamente.

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