Willys-Overland do Brasil S.A.

O Aero-Willys foi um dos carros mais bonitos fabricados no Brasil, entre os anos 50 e 70. De origem Norte Americana, a Fábrica da Willys do Brasil foi inaugurada em 1952, iniciando uma bela história. Texto de Rogério de Simone e Jose A. Penteado Vignoli.

O mercado automobilístico brasileiro era inicialmente constituído pela importação de veículos leves e pesados, além de tratores de vários tipos. A falta de uma produção nacional resultava em um mercado carente, cuja situação se agravou com a segunda guerra mundial, que praticamente sucateou a frota de carros brasileira pela indisponibilidade de importação durante o conflito e pela falta de oferta nos anos seguintes. A Fábrica Nacional de Motores (FNM) foi fundada apenas em 1942, com a finalidade de fabricar motores de aviação, mas os planos para a fabricação de automóveis foram estabelecidos só em 1952, com o acordo firmado com a Alfa Romeo.

Buscando capital e tecnologia para a fabricação de automóveis no Brasil, o futuro coordenador da instalação da indústria automobilística brasileira nacional Lúcio Meira fez as primeiras sondagens na Alemanha, na Itália e na França. Para atrair investidores, o governos estava disposto a conceder concessões cambiais e outros estímulos fiscais. De todos esses esforços resultaram os primeiros movimentos de técnicos para a instalação de fábricas de veículos no Brasil.

Em 1952, autoridades brasileiras foram aos Estados Unidos atrair capital e estudar a indústria americana de automóveis para a possível instalação de mais parques industriais. Ainda em 1952, o progresso das conversações e o crescente interesse de diversos setores da sociedade pela empreitada levou o Governo Vargas a criar a CDI – Comissão de Desenvolvimento Industrial, órgão subordinado à Presidência da Republica que instalou a Subcomissão de Jipes, Tratores, Caminhões e Automóveis. Algumas medidas para limitar a concessão de licenças de importação de peças, para impulsionar a fabricação nacional e para a proibição de importação de veículos motorizados completos e montados, foram criadas por essa comissão, com o intuito de equilibrar a balança comercial e alavancar a fabricação nacional.

Com isso, um dos grupos estrangeiros a se estabelecer no Brasil foi o americano Willys, que fundou, em São Bernardo do Campo, a Willys-Overland do Brasil S.A. em 26 de abril de 1952. Em sua fábrica, iniciou a montagem de Jeeps em parceria com um grupo de capitalistas brasileiros capitaneados pelo banqueiro Theodoro Quartim Barbosa, do Banco do Commercio e Industria de São Paulo S.A. (mais tarde Comind).

Em tempo, durante a guerra, a Willys se envolveu em um projeto da indústria de defesa, um veículo denominado General Purpose (para uso geral), que ficou mais conhecido pela transcrição fonética de suas iniciais em inglês: JEE (G) / PEE (P) ou JEEP (GP). A Ford também participou desse projeto.

A Willys-Overland do Brasil entrou em atividade em 1954 ao iniciar a montagem dos Jeeps Willys americanos, cujo nome comercial no Brasil era Jeep Universal. O veículo foi muito bem aceito pelo mercado brasileiro, graças à sua eficiência nas precárias estradas brasileiras da época.

Em 1957, foi fechado um acordo no qual 15 por cento do capital da Willys do Brasil teria a participação da Renault francesa, que poderia transferir tecnologia e iniciar a fabricação de modelos, como no caso do lançamento do Dauphine em 12 de novembro de 1959.

Em Janeiro de 1956, é lançada a Station Wagon RURAL. A frente do modelo só foi redesenhada em 1961, com base nas mesmas linhas usadas no Aero-Willys.

Outra ocasião de destaque no desenvolvimento da Willys do Brasil foi a produção do primeiro motor a gasolina para automóveis de passeio do Brasil, em 31 de janeiro de 1958. Pouco tempo depois, em março de 1958, foi inaugurada a nova fábrica de motores da Willys.

A venda da Willys para a Ford ocorreu em 1967. O negócio foi bom para todos : tanto para a Ford, que queria crescer no Brasil e comprou uma empresa com uma rede de assistência pronta, quanto para a empresa chefe do grupo Willys, a KAISER, que não pretendia  investir em desenvolvimento tecnológico para acompanhar a crescente concorrência no mercado automobilístico brasileiro e poderia aproveitar o dinheiro da venda na produção dos Jeeps em 32 países. A Ford ainda herdou da Willys-Overland o já adiantado Projeto M e decidiu concluí-lo, o que culminou na bem sucedida linha Corcel lançada pela Ford.

O ano de 1967 foi marcado pela compra de várias empresas de automóveis pioneiras no país, resultando na modernização da industria automobilística brasileira e dos produtos oferecidos. A linha Chambord da Simca e os carros da Vemag simplesmente desapareceram, mas as carcterísticas da linha Aero-Willys e Itamaraty e sua forte presença no mercado permitiram sua sovrevivência durante algum tempo.

1 comentário

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Uma resposta para “Willys-Overland do Brasil S.A.

  1. Avatar de rudimar trindade dos santos rudimar trindade dos santos

    gostaria de saber detalhes sobre a fabricação pela willys overland do brasil dos guinchos RANSEY . tipo quando começou a fabricação,quantos foram fabricados,quando encerrou a fabricação, enfim tudo que for possivel saber sobre esse guincho. obrigado.

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