DKW – Vemag

Vocês se lembram do DKW? Aqui no Brasil, a gente chamava ele de ‘DEKAVÊ’… Um carro dos anos 50/60, que eram importados/montados aqui no Brasil pela VEMAG – Veículos e Máquinas Agrícolas…  Compilação do livro de Paulo Cesar Scandler.

O pai do DKW foi Jörgen Skafte Rasmussen, um engenheiro nascido na Dinamarca em 1886, radicado na Alemanha em 1904. Muitos nórdicos da época faziam o mesmo, pois o país era o centro tecnológico mundial, especialmente em Mecânica de Precisão e Metalurgia. Já na Alemanha, mudou a grafia de seu nome para o alemão Jürgen e abriu a primeira empresa, na qual fabricava peças e equipamentos para máquinas a vapor industriais e domésticas.

Em 1906, adquiriu as instalações de uma antiga industria têxtil e, junto com seu sócio W. Ernst, começou a produzir autopeças. Em 1916 viajou para Copenhague e entrou em contato com o também engenheiro dinamarquês T. Matthiessen, que era uma das maiores autoridades em motores a vapor de sua época. O primeiro carro a vapor feito por Rasmussen e Matthiessen foi nomeado de Dampf Kraft Wagen, literalmente “carro de energia a vapor”. A marca DKW foi registrada por Rasmussen, que se interessava em fabricar motores movidos a vapor por causa da guerra e de suas consequências: a crise econômica e a escassez de petróleo. Porém, não deu certo, devido ao alto custo.

Após a guerra, a Alemanha passou a enfrentar uma gravíssima crise econômica. Precisava de veículos mais baratos. A resposta veio sob a forma do motor de dois tempos, quando Rasmussen conheceu a invenção de Hugo Ruppe, um pequeno motor de apenas 25 cm³ e o batizou de Das Kleine Wunder (a pequena maravilha, em alemão). Coincidência ou não, as suas iniciais eram as mesmas do Dampf Kraft Wagen. Em 1919, Rasmussen acabou criando a motocicleta ao fazer um motor maior, de 125 cm³, montado no bagageiro de uma bicicleta com sistema de tração por corrente.

Em 1927, Rasmussen e a sua fábrica de motores DKW haviam notado que o automóvel era a coqueluche do momento. Essa época marcou a introdução de réplicas de carros grandes construídas com materiais inferiores, os chamados carros populares. Tanto a DKW como a BMW se direcionaram para produzir esses carros. A DKW continuou experimentando prejuízos, em função de uma inflação de 50.00 por cento, mas não desistiu e entre motocicletas, motores elétricos e triciclos, especialmente com os triciclos, que se tornaram uma grande fonte de renda para a DKW, em 1929 surgiu o P-15, inicialmente um roadster, com a qualidade de ser o primeiro esportivo de baixo preço no mundo, chegando a 80 km/h. Foi a primeira vez que alguém aplicou o motor de dois tempos em automóveis no mundo inteiro.

Em 1931, foilançado o F-1, modelo fundamental para a DKW por introduzir a “fórmula DKW”: dois tempos e tração dianteira (indicada pela abreviação F, de front). Outro lançamento de destaque em 1931 foi o P-25, também chamado de 4=8 (quatro cilindros em um motor de dois tempos equivaleria a um motor de oito cilindros de quatro tempos).

Um novo aprofundamento da crise politico-econômico, associado às vendas baixas de quase todas as marcas mantidas pela DKW, inclusive motos, tornou a empresa inviável. Em 1932, essa crise generalizada das indústrias automobilísticas fez com que Richard Brühn decidisse agrupar todas as indústrias de automóvel da região sob o nome de Auto Union: a Horch, a Wanderer, a Audi e a DKW. Foi então criado um símbolo que perdura até hoje, com quatro anéis entrelaçados (usado pela Audi).

A DKW / Auto Union prosperou até 1961, mesmo não tendo sido escolhida por Adolph Hitler como a desenhista do carro padrão alemão, essa regalia foi concedida a Ferdinad Porsch, que passou a ser o desenhista oficial do regime, e apesar da guerra e seus resultados. Os modelos DKW passaram a ser os carros mais vendidos no mundo.  Em 1962, a Mercedes-Benz assumiu a fábrica de Düsseldorf, com isso, alguns modelos DKW sairam de linha. Em 1964 a Mercedes-Benz vendeu a Auto Union para a Wolkswagen. A primavera de 1966 se transformou no ocaso do DKW. A fábrica, que também produzia os Volkswagens 1300-1500 optou por manter apenas o nome da Audi e, com isso, o DKW teve a sua extinção.

No Brasil, o DKW veio por intermédio da empresa VEMAG – Veículos e Máquinas Agrícolas, primeiro como importação, e depois, no governo Vargas, com a criação do Grupo Executivo da Industria Automobilística – GEIA, houve o fortalecimento da manufatura de automóveis brasileiros da Romi e da DKW-Vemag.

Como o DKW não era um carro barato, tornou-se o sonho de consumo de muito dos donos de Volkswagen. uma forma encontrada para garantir um preço ainda acessível foi a adoção do motor de dois tempos, cuja mecanica tinha poucas partes móveis. Já a Romi, e a sua mecânica pouco convencional de seus modelos, similar a de uma motoneta, tornava controversa a sua posição como fabricante de carros. Apesar de tudo, o diminuto veículo com motor de dois tempos e apenas uma porta frontal foi lançado no Brasil em 1956 com o nome de Romi-Isetta, antes do DKW, e ficou no mercado até 1959.

Em 1964, porém, o endividamento da Vemag cresceu e a inflação galopante impedia a obtenção de Lucros, além de fazer a empresa ficar sem capital de giro. Em 1965 a situação da Vemag ficou ainda mais incerta quando a Volkswagen assumiu o controle da Auto Union na Alemanha. Em 1966 a Volkswagen  mudou-se para as instalações da Vemag, no bairro do Ipiranga. Após uma intensa movimentação de caminhões no bairro do Ipiranga, em novembro, o setor de usinagem de motores foi esvaziado e seu ferramental foi embarcado em dezembro para a província de Santa Fé, perto de Buenos Aires, com intermediação especial dos governos argentino e brasileiro. A criação dos moldes para fabricação do Volkswagen 1600 foi viabilizada levando-se quase tudo para a fábrica da Volkswagen na Via Anchieta, em São Bernardo.

Em dezembro, a Vemag encerrava definitivamente sua história como fabricante de automóveis e o DKW-Vemag, sua história como automóvel.

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